Por vezes a gente se perde. Não como quem está fazendo uma trilha e não presta atenção nas placas pelo caminho, então acaba parando em um lugar qualquer, mas com uma vista incrível. É mais como quando realizamos uma tarefa depois de muito tempo, e não temos mais certeza se é assim mesmo que se faz. No caso de uma receita de bolo, basta pegá-la novamente e as coisas voltam a se encaixar. Porém com a vida não funciona assim.
Algumas situações me parecem surreais. De um dia para o outro você perde as estribeiras e não faz ideia de para aonde está indo. O que fazia sentido de repente é uma completa loucura, enquanto o que não se encaixava mais se torna uma possibilidade acolhedora. O problema disso não é exatamente o que é, mas o que faz a gente sentir. É o aperto no peito, os olhos marejados e aquela sensação ruim de que você simplesmente se perdeu.
Me sinto culpada por causos que talvez eu nem tenha culpa, mas ainda assim me responsabilizo e imagino que tudo poderia ser diferente se eu mudasse aqui e ali. Quem sabe seja essa a questão, entende?
Ultimamente tenho a percepção de que qualquer fagulha que me impulsiona para frente, em algum momento se apaga no meio do percurso. E aí que eu não sei como acender novamente. A opção mais viável é voltar à estaca zero, só que essa volta me desestabiliza de um jeito, que qualquer atitude que tomei até então deixa de fazer sentido.
É como quando a gente aceita uma tarefa mesmo sabendo que ela é complicada de realizar, mas tivesse coragem o suficiente para tentar. De uma hora para outra, entretanto, as instruções deixam de ser coerentes e as peças parecem erradas. No fim, você acaba se sentindo incapaz de finalizar porque... Não sei, sabe?
Acho que é isso. Não sei de nada, e quando acho que aprendi uma lição, a vida vem e mostra que não fiz mais que minha obrigação. E dói entender isso. Talvez tenha desaprendido a andar de bicicleta, e olha que dizem que isso nem é possível.