Já se passaram alguns anos. Ainda me lembro de quando era pequena e me agarrava nas pernas da minha mãe, com medo das outras pessoas, do que elas poderiam fazer, do que elas se tornariam quando eu me distraísse por um momento. Não brincava com as outras crianças, não gostava delas. Não saia sem meu bichinho de pelúcia surrado, ele me protegia. Não confiava em ninguém além dos que conviviam comigo, e, ainda assim, me sentia traída quando minha comida era feita de verduras camufladas. Tinha medo do mundo lá fora e fazia questão de criar o meu próprio. Me perdia em meio aos brinquedos, inventava histórias que ninguém nunca vai imaginar.
Não mudei muito. Ainda tenho receio de sair sozinha sem ter alguém com quem me apegar. Ainda tenho medo das pessoas — e do que elas fazem umas com as outras. Não sou de muitos amigos, mas confio nos poucos que tenho. Ainda carrego um bichinho na bolsa, ele não é grande como o que tinha, mas me protege da mesma forma. Ainda me sinto traída quando trocam o recheio da minha comida preferida por um mistura de coisas verdes. Meu mundo imaginário anda sempre ao meu redor. Quanto as minhas histórias, ninguém nunca vai saber de tudo.
Não quero que saibam.
Não quero que saibam.
É estranho como não consigo me adaptar. Sempre que digo isso, me sinto como uma peça errada no jogo da vida. Como se não fosse parte da embalagem original e todos descartassem por ser repetida. Talvez eu esteja errada, só não encontrei meu cantinho ainda.
Ou talvez seja para ser assim mesmo, deslocada.
Para ser sincera, sempre gostei dessa solidão.
Ou talvez seja para ser assim mesmo, deslocada.
Para ser sincera, sempre gostei dessa solidão.
Não me sinto um problema — e sei não sou um, apesar de sempre me falarem o contrário —, apenas não aceito qualquer coisa, não faço questão de engolir aquilo que me desagrada, não tenho paciência com atitudes sem nexo e, muitas vezes, meu jeito fechado fala mais alto do que a simpatia. Aliás, é difícil assimilar algumas exigências, principalmente quando te dizem para ser você mesmo, mas o mundo implora para que você seja como ele quer. Moldada previamente, com direito a degustação.
Mas, sei lá!
A verdade é que eu não mudei muito. Meu doce favorito ainda é algodão-doce, e faço questão de comprar um quando vejo o moço da praça vendendo. É como se fosse uma segunda via de proteção. Ele me traz segurança, e isso pode ser engraçado para quem lê, mas é reconfortante para quem sente.
A verdade é que eu não mudei muito. Meu doce favorito ainda é algodão-doce, e faço questão de comprar um quando vejo o moço da praça vendendo. É como se fosse uma segunda via de proteção. Ele me traz segurança, e isso pode ser engraçado para quem lê, mas é reconfortante para quem sente.
Adorei o texto.
ResponderExcluirMe identifiquei tanto. Quando eu tiver mais de 20 anos, acho que também não vai mudar muita coisa, embora eu queria que sim.
♥♥
https://noitecer.blogspot.com/
A gente sempre muda, sempre se transforma, mesmo não querendo. E no fim dá tudo certo ♥
ExcluirSabe aquele texto que precisa ser relido para sentir novamente aquele abraço gostoso? Então, é esse.
ResponderExcluirEu fico mega feliz de ter te proporcionado esse abraço gostoso, sabe? Obrigada pelo carinho ♥
ExcluirMenina, que texto mais amor! Você manda tão bem nisso, sério! ESCREVA UM LIVRO! ♥
ResponderExcluirAh, que lindeza ♥ QUERO ESCREVER aiueiauhe. Obrigada pelas palavras, viu? Não sabe como fico feliz.
ExcluirQue lindo kelly! E eu super te entendo, eu sou exatamente assim na minha essência e sabe o que eu descobri? Que pessoas como nós nascemos para fazer a diferença no mundo, por isso não nos encaixamos, se nos encaixassemos e fossemos mais um como iriamos fazer essa diferença? Use de seus dons, é assim que essa diferença começa a acontecer, já vejo isso pelo blog <3 Pessoas como vc são assim, tem uma sensibilidade aguçada e um olhar diferente sobre a vida, não é questão de ser estranho, é questão de ser único. Um beijo, sucesso!
ResponderExcluir-
www.suave-pensamento.blogspot.com
Ah, que lindeza de comentário? Sabe quando mesmo longe você se sente abraçada e acolhida pelas palavras? Acabei de me sentir assim lendo tuas palavras ♥ Acho que a parte mais bacana de não ser mais do mesmo é que a gente sabe direitinho quem é de verdade e quem tá aqui só pra contar experiências. Eu espero mesmo fazer alguma diferença nesse turbilhão de sentimentos alheios. Espero que todo mundo tenha essa oportunidade algum dia ♥
ExcluirGuria, teus textos sempre tao sinceros e reconfortantes. Me sinto tao bem no teu blog, parece que quando leio os teus textos entro num mundo paralelo e entro Caligrafando-te literalmente. Me sinto acolhida toda vez que me identifico na história contada.
ResponderExcluirVou seguir o pedido da moça mais acima: ESCREVA UM LIVRO! ♥
Um exemplar tu ja pode ter certeza que sera vendido. Imagina poder carregar teu blog na bolsa, amei a ideia hahaha
Beijos linda
www.20-primaveras.blogspot.com.br
Ai, que amor ♥ Prometo de dedinho que ainda vou me esforçar pra ter um livrinho publicado, mesmo que seja com os textos aqui do blog. Seria muito amor na vida rs. Amei teu comentário e agradeço imensamente pelas palavras de carinho.
ExcluirMeu deus do céu???? Seria uma agulha no palheiro?? Que blog, que texto! EU AMEI! Tô surtando porque achei maravilhoso o que tu escreveu, e me descreveu! 100% eu! Me sinto deslocada, não me encaixo nos padrões (e nem pretendo). Singularidade. Ninguém quer aceitar que somos assim, únicas, ao redor de tantos iguais. Parabéns mil! Ainda tô em êxtase com o blog e o texto! hahaha Segui mtt <3
ResponderExcluirBeijosss
Through My Eyes
Ah, que lindezaa ♥ Obrigada pelo carinho, moça. Quando tratamos de ignorar o que não nos pertence, aprendemos a ser mais leves com a vida e com a gente mesmo. Ser singular é maravilhoso e tem suas vantagens.
ExcluirAcho que não importa quanto o tempo passe ou onde estejamos, por mais que a gente se reinvente um parte de nós continua ali a mesma. É não acho isso algo ruim, é bom saber que apesar de todas as mudanças a nossa volta sempre terá algo constante em nossa vida, algo que sempre vai está lá, algo que faz a gente se sentir em casa e ser quem a gente é. E não há nada de errado em não queremos fazer parte de um jogo onde não nos encaixamos, gostar de estar sozinha, não significada ser sozinha e quanto antes as pessoas entenderem isso todos ganham, mesmo sendo peças repetidas.
ResponderExcluirBlog Profano Feminino
"gostar de estar sozinha, não significada ser sozinha e quanto antes as pessoas entenderem isso todos ganham" isso é algo que eu desejo para o mundo, sabe? Muita gente me fala "mas eu não quero estar sozinha, quero ter alguém do meu lado", aí fico pensando "eu também, mas eu gosto de estar sozinha". Acho essa diferença entre a solidão negativa e aprender a estar faz com que muita gente se veja perdida. Espero que isso mude ♥
ExcluirAmo sua maneira de escrever, transparece sentimentos através das letras.
ResponderExcluirNão posso ver alguém vendendo algodão doce ou lojas inaugurando que já quero um! Amo jujuba, a cor rosa, pompom. Criar histórias então?! Nem se fala. Costumo dizer que sou uma jovem casada. Vivo com o meu eu lá dos anos 98/2005 até os dias de hoje. Confesso que gosto de estar acompanhada, adooooro falar, rs. Mas ficar a sós com a gente mesma não é uma ideia ruim, pensamos na vida e refletimos.
Beijinhos.
Algodão doce é uma coisa tão nostálgica e tão boa, né? ♥ Também amo jujuba, principalmente a laranja e que tem açúcar durinho por fora aiuheiuahe. Também gosto da companhia para falar, apesar de não ser muito faladeira, mas gosto de ouvir os outros e entender a cabeça de cada um rs.
Excluir"Para ser sincera, sempre gostei dessa solidão." Meu Zeus, acho que nunca tinha me identificado tanto com um texto! Me vi em cada linha que você escreveu, moça, sério. Aliás, já disse que você escreve muito bem? Se não disse, bom, você escreve muito bem, parabéns!
ResponderExcluirQuando eu era mais nova me achava estranha por ter poucos amigos e me sentir tão desconfortável com pessoas que não conhecia bem mas hoje em dia sei que sou introvertida mesmo e que está tudo bem eu muitas vezes preferir passar o fim de semana sozinha em casa lendo um livro haha
Quanto amor ♥ Muito obrigada pelas palavras, Ruby, fico super feliz em saber que se identificou tanto com o texto. Tá mesmo tudo bem ser quem você é, do jeitinho que preferir ser. A gente tem essa mania de achar que o erro é sempre nós que carregamos, mas não é bem por aí. A sociedade anda cada vez mais exigente e com um tanto de ódio gratuito. Mudar isso em nós mesmos é uma dádiva ♥
ExcluirEu aqui com meus 20 anos me identifiquei muito com o texto, principalmente com essa coisa de não ter alguém pra me apegar, com esse medo de confiar nos outros. É tanta coisa tensa que a gente vai sofrendo na vida que vai ficando dificil dar chance as pessoas que aparecem no nosso caminho. Mas temos que ir aprendendo a viver, sempre... Amei suas reflexões!
ResponderExcluirsorria sempre :)
www.malusilva.com.br
Acho que a grande questão não é nem aprender a viver, mas, sim, aprender a levar a empatia conosco, em nossa essência. Só assim conseguimos aceitar, prezar e acarinhar os outros e a nós mesmos ♥ Fico bem feliz que tenha se identificado.
ExcluirNossa, gostei muito do texto. Ultimamente não escrevo muito sobre mim, nesse estilo, e deu saudade haha. Me lembrou minha época de tumblr hahah ❤️ Beijinhos
ResponderExcluirA época do Tumblr era uma delícia, né? Vivíamos escrevendo aos ventos, como se ninguém fosse, de fato, ler aquilo rs. Tínhamos mais liberdade de expressão ♥
ExcluirNossa que lindo!
ResponderExcluirEu mudei bastante com o passar do tempo, mas minha essência continua a mesma. Ainda tenho medo de ficar sozinha, é certa forma ser esquecida pelas pessoas que amo e trago isso desde criança.
É bom vermos que mudamos e não mudamos ao mesmo tempo, né? Ainda que alguns costumes e manias tenham sido deixados de lado, a essência permanece ♥
ExcluirQue texto lindo! Vc escreve muito bem, parabéns 👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirAmoooo algodão doce também 😀
www.ondecevailoko.com
Que bom que gostou do texto ♥
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