Minha felicidade eu carrego no bolso

Por vezes, sou aquele tipo de pessoa que prefere pensar que vivemos em uma grande caixa de surpresas, e que, dia após dia, essa caixa revela algo de extraordinário. O extraordinário não precisa ser exatamente positivo, quem sabe seja um grande negativo, mas ele será único e sempre nos trará algo pela qual devemos lembrar. Pode ser um aprendizado que carregamos com o passar dos anos, pode ser uma cicatriz que nunca vai sarar completamente, pode ser uma sensação que transparece junto a uma simples expressão, pode ser minhas palavras escritas neste papel em branco. Nunca se sabe ao certo o que esperar, mas essa é a parte boa de se estar jogando.

Não podemos usar uma poção mágica para pular uma fase difícil, não temos uma forma de nos tornar mais ricos ou de sermos mais sociáveis, nem todos ganham uma promoção no trabalho por aprender uma habilidade nova e, por azar, ninguém sabe o dia de amanhã. Seria mais fácil. Concordo. Mais prático. Mas para quem? Você iria gostar de saber cada detalhe do que lhe é reservado para os próximos dez anos? Eu não iria.

É claro que nos pouparia milhares de arrependimentos, mas acredito que cada um deles nos serve para acreditar que vivemos aquilo. Nos machucaríamos menos, mas acredito que as feridas são uma forma de nos lembrarmos do motivo pelo qual ela está ali. Saberíamos de tudo, mas onde ficaria a graça de uma mensagem inesperada ou de uma visita para matar a saudade?

Vejo por aí pessoas se martirizando por não conhecerem a tal da felicidade, e quase me sinto em uma rua sem saída. Tudo bem que não somos personagens de um jogo — apesar de duvidar dessa afirmação de vez em quando —, mas todo mundo carrega a sua própria felicidade. A minha fica guardadinha no bolso, não da minha calça favorita nem do meu casaco mais aconchegante, mas lá em um cantinho da alma, para que ninguém se atreva a encostá-la, muito menos tirá-la de mim.

E é assim. Cada um guarda a sua da maneira que lhe convém, e se ela não está presente, provavelmente é porque deixaram que ela escapasse em algum momento.

Existem dias dos quais também acredito que esteja sozinha, admito. Parece que nem mesmo o que guardo comigo está ali, mas então paro para pensar e sei que estou errada. Não é dever de nenhum outro ser humano me fazer feliz e, se por um acaso, não estou, é minha obrigação levantar a bunda do sofá e ir atrás do que preciso. É minha obrigação procurar por coisas e pessoas que me tragam um resquício de positividade. É minha obrigação ter paciência para pular um "nível".

Derrotar o chefão? Mais paciência ainda, contando com um toque de habilidade e até a ajuda dos universitários, mas eles só irão me ajudar, porque é minha obrigação derrotá-lo.

Costumo dizer que carrego a felicidade em um bolso e alguns sorrisos no outro. Acredito mesmo que somos donos das nossas emoções, e por pensar assim, acredito também que temos o controle do que entra no nosso coração. Algumas vezes erramos feio e acabamos deixando entrar algum tipo de vírus ou coisa parecida, e aí precisamos dos sorrisos guardados, para que nos ajudem a aguentar firme até termos nossa coragem renovada. E sempre vai ser assim, mesmo que não queiramos que seja ou mesmo que tenhamos fé de que um dia será diferente. Cada um carrega consigo o que precisa para ter uma vida plena, e se você precisa ser feliz, tem de encontrar a sua felicidade por aí, e tratar de cuidá-la e guardá-la muito bem, pois um dia vai precisar.